Os procedimentos de chegada numa cidade para um estrangeiro (ou até mesmo para um suíço) é sempre igual em todas elas. Precisa ir na prefeitura e levar os documentos para registrar a sua “entrada”. É assim que eles fazem o controle da população.
Porém, onde nós moramos, há um pequeno e sinistro detalhe. Nossa cidade fica a 10km e 60km de duas usinas atômicas. Por causa disso, além de informações nós também recebemos da prefeitura iodeto de potássio.
Eles avisam que em caso de vazamento nuclear ouviremos uma sirene e precisamos tomar uma dose (eles fazem treinamentos com esta sirene em certas épocas do ano. Ela é ensurdecedora). Na hora que recebemos perguntamos se a dosagem é igual para adulto e criança (já que temos uma filha de 2 anos). A mulher da prefeitura disse que sim. Achamos aquilo super estranho, mas tudo bem.
Mas, eis que esta semana recebo instruções sobre vazamento nuclear. Juro que deu um frio na barriga. Nele diz o que podemos e não fazer em caso de dar problema com as ditas usinas. E cada coisa que eu lia, ficava imaginando a cena. Na hora do desespero, neguinho não quer saber de nada…sai correndo né?
Bem….o material de informação eles dizem que temos que fazer os seguintes passos após ouvirmos a sirene:
– ouvir o rádio (imagina a gente ouvindo um rádio em alemão e no desespero ter a paciência de prestar a atenção);
– prestar atenção no que as autoridades irão falar;
– avisar os vizinhos (só dois falam inglês. Realiza a cena da gente explicar o negócio em alemão. Juro que vou levar papel e caneta para desenhar. Ou para agilizar pego pelo braço a criatura e levo de arrasto);
– não levar celular e nem telefonar (como vou twittar???);
– ir para o Schutzraum (seguro 100% contra a radiação). Este local fica no subsolo das casas e apartamentos. Ou ir para o Keller (depósito). Aqui no prédio o nosso schutzraum é usado como keller e é separado por grades de madeira. Casa vizinho tem o seu. No nosso está CHEIO de bugiganga (malas, carrinho de compras, produtos de limpeza, pneus). Não cabe a gente nem em sonho!!!;
– levar cobertor e brinquedo para as crianças;
– ir preparado para ficar algumas horas ou quem sabe até dias!;
– e claro, levar o iodeto de potássio.
Nas instruções também tem a dosagem para cada pessoa (crianças, grávidas e adultos). E detalhe, mandaram um saquinho para que a gente deixe o iodeto de potássio e o check list das orientações dentro e em lugar fácil e rápido de pegar.
Vai dizer que o negócio não é de dar medo!!!
Atualização de 14 de novembro de 2014:
A Suíça possui 5 usinas nucleares (localizadas na região noroeste do país) e, por conta disso, a cada dez anos o governo distribui para a população novos comprimidos de iodo (65 AApot iodeto de potássio). Esta é uma medida de proteção e precaução em caso de um acidente nuclear em uma das usinas.
A novidade é que o Conselho Federal ampliou o raio de distribuição de iodo à população que mora próximo à uma usina (de 20km para 50 km de distância).
Por isso, em outubro recebemos por correio um folheto explicando isso e dizendo que, entre final de outubro e inicio de dezembro, as novas caixas de iodo seriam enviadas pelo correio também.
Ontem recebemos as nossas!
Sinistro mesmo rsrsrsr, mas precavidos. bjs
Achei civilizado. No Brasil as instruções são: tranque tudo e saia correndo.
Ju e Ana….na verdade acho que Fukushima é a responsável por estas instruções todas. O pessoal aqui ficou com medo e até falam em fechar as usinas depois do que aconteceu lá. Vamos esperar para ver o que vai acontecer né?? Não sendo um vazamento, tudo bem….hahah
Aninha,
Aqui a gente mora há uns 30 quilometros de uma usina nuclear também. Indian Point.
Em 2003, quando viemos morar a primeira vez aqui, estava no inicio da guerra do Iraque e eles elevaram o nivel de segurança para laranja (só não pior que vermelho). O pessoal aqui estava meio neurotico, comprando silver tape, mascara de oxigenio… pois todo mundo dizia que eles (terroristas) iriam explodir a usina.
Temos sempre um teste de aviso de problemas na área pela TV e rádio para uma evacuacão ( o que especialistas dizem ser impossivel na região de NY, pois não tem rotas suficientes). De qualquer maneira, confesso que tenho uma mala com algumas roupas, comidas para uns 3 dias, kit de primeiros socorros, $… e sempre ando como tanque cheio, just in case! Uma outra coisa que li, mas confesso que nao tive coragem de fazer, eh escrever uma carta para o filho, em caso de uma emergencia, que ele esteja na escola e vc não consiga estar com ele na evacuacao, explicando para ele ficar bem que em breve vocês estarão juntos de novo. Algumas escolas pedem isso, junto com o material de inicio de aulas. É mole ou quer mais? O negócio é viver o dia de hoje!
Foto Usina Nuclear de Indian Point
uauuuu…e eu que achei que o negócio tava feio para o meu lado. Na real, acho legal esta prevenção toda…..mas o medo que ela me dá….puts…isso é que pesa um pouco…
Mas com tu falou….o negócio é viver o dia de hoje.
Nao temos usina (que eu saiba!!) por perto, mas no nosso caso, a prevencao é por terremoto, que todo ano tem pelo menos um forte. Na bolsa de viagem só cabe o mais que necessario… passaporte e documentos importantes, um pouquinho de $ em dolar (nessas horas nao sei como e onde vamos parar!!), água, bolacha e uns pirulitos e balas para acalmar a ansiedade da Lara caso passe algo.
E, como já disse, todo ano tem terremoto. Já baixei as escadas andando (vontade de correr!!) e escutando moveis e portas baterem nos apartamentos de vizinhos, com a bolsa nas costas… ui, é uma experiencia que nao gostaria de ter tido aqui.
ui Flávia….olha…no meu caso é uma suposição. Pode acontecer. Mas no teu sempre acontece né? que chato isso. Se cuidem sempre ai!!!
Beijos,