Faz tempo que não escrevo nada relatando minha experiência de vida aqui na Suíça. O começo do blog foi bastante post sobre isso. Mas aos poucos, as coisas começaram a se tornarem naturais para mim e este tipo de assunto acabou ficando de lado.
Só que no dia dos meus 40 anos, eu publiquei um post no instagram e uma pessoa que me acompanha me perguntou como eu faço para passar datas comemorativas longe de família e amigos. Foi ela que me deu a sugestão de escrever sobre isso. E nesta semana, como ando tão emotiva (não estou grávida, mas é que juntou aniversário de duas amigas muito queridas que moram no Brasil e também a época de fim de ano, acho que me deixaram mais sensível), resolvi escrever como eu passo por estes momentos aqui na Suíça.
Bem…vou contar que desde que chegamos aqui, há 8 anos e meio atrás, as coisas foram fáceis para a gente. Nós tínhamos um casal de amigos (que já conhecíamos do Brasil) que moravam aqui e foram eles que nos deram todo o suporte de adaptação para a gente. Desde pediatra para a Ana Julia, plano de saúde, informações de como comprar ticket de trem, separação de lixo…tudo o que a gente precisava para poder se adaptar o mais rápido possível a gente teve. Para terem noção, até apartamento alugado a gente já tinha quando chegamos aqui, porque eles foram visitar e encaminharam nossos documentos para a imobiliária. Quando chegamos na Suíça, só assinamos o contrato e pronto. Além deles, a gente também já tinha mais alguns amigos morando em Zurique e que também já conhecíamos do Brasil.
Então, quando chegamos, não sentimos aquele choque de estarmos “sozinhos”, sabe? Eu tenho certeza que seria mais difícil se a gente não tivesse o apoio e a recepção de todos eles quando viemos para cá. Mas enfim….essa história toda era pra dizer que 1 ano depois que aqui estávamos, este casal amigo voltou pro Brasil. E foi aí que eu me vi “sozinha”. Até então, eu tinha quem me levasse pela mão, literalmente. Eu tinha quem me orientasse para tudo. Nessa época eu já fazia curso de alemão, duas vezes por semana, de noite. E os meus colegas foram os primeiros amigos feitos aqui. Tive muita sorte de ter uma turma super animada e divertida. Éramos um grupo que se dava super bem. Minha turma era feita de 2 brasileiros (além de mim), um argentino (o que fazia com que contássemos piadas de argentinos X brasileiros que somente nós 4 entendíamos), mais 4 iranianos, uma peruana, uma italiana e uma vietnamita. Mas logo terminamos o nível B2 e a maioria não seguiria mais com as aulas de alemão.
Foi aí que tive a ideia de montar este blog. Meio que para contar sobre a vida aqui e, ao mesmo tempo, dividir com minha família e os amigos distantes, um pouco dos meus dias. Mas isso não estava sendo suficiente. Eu precisava de gente, de ter contato com as pessoas, de conversar ao vivo, de olho no olho. E na ânsia de procurar quem mais escrevia sobre a Suíça, quem mais dividia sua vida por aqui, encontrei outras brasileiras. Na época, nos reunimos num restaurante em Zurique para nos conhecermos pessoalmente. Este grupo era a Mel, a Laurentina, a Liana (do blog Ela é Americana) e a Aline (que morava em Lausanne e agora mora na Inglaterra). Destas, somente eu e a Liana continuamos com o blog. Mas o contato permaneceu. A Laurentina, por exemplo, é minha vizinha há uns 3 anos (antes ela morava em St. Gallen). Depois o grupo foi crescendo. Veio a Chris (que teve o blog Vida na Suíça, mas terminou e agora mora em Miami) e também a Sarah e a Sueli, que acompanhavam o blog e que sabiam que eu era louca por creme de leite do Brasil. Tanto que a Sueli eu conheci porque ela me deu umas 6 latas de creme de leite. Já a Sarah, eu me encontrei com ela em frente a um açougue em Zurique, que vende produtos brasileiros, para que ela também conhecesse o lugar. E assim, conhecendo um pouco mais de pessoas, resolvi fazer brunchs na minha casa com todas elas.
Esses brunchs eram uma loucura. Eu montava um grupo no messenger do Facebook com umas 20/25 pessoas. Aí entrava todo mundo….desde quem fez um comentário no blog dizendo que chegou há pouco tempo na Suíça, até quem eu já conhecia há mais tempo. Eu oferecia duas datas e então entrava em votação o dia do encontro. O dia que tivesse mais gente disponível a vir, era o dia do brunch. E eles aconteciam pelo menos 4 vezes ao ano (um brunch para cada estação do ano), quando cada uma trazia um prato (doce ou salgado) e eu oferecia as bebidas. Foi assim que conheci tanta gente e tanta gente se conheceu aqui em casa. O último foi em novembro de 2014 e foi nosso brunch de natal. Em seguida, eu engravidei do Lukas e tive uma gestação de risco. Por isso não fiz mais. Depois, com o Lukas ainda pequeno, não tive mais tempo para fazer. Mas foram estes encontros a minha salvação.
Com o passar do tempo, conheci outras pessoas pelas redes sociais. Pessoas estas que me aproximei, sem a “ajuda” dos brunchs. Mas tudo começou com eles. E assim, eu criei um grupo bem legal de amigas aqui. Nem sempre a gente consegue reunir todas no mesmo dia. Isso é praticamente impossível. Mas eu sei que quando eu precisar de alguém para tomar um café, falar bobagens, passear, fazer uma trilha, vai ter quem me acompanhe, alguém legal comigo. É esse grupo que me anima, que deixa meu astral super alto quando eu ando desanimada. Este grupo também é responsável por seu ser feliz aqui, longe de tantas pessoas que amo.
Porque fazer amigos depois que a gente já é adulto, é bem diferente de quando somos crianças ou jovens. Mas morar fora nos ensina a ter mais paciência e saber que a nossa história até então, foi acompanhada e presenciada por pessoas que há anos estão conosco. E que agora, uma nova história da nossa vida começa a ser contada. Com novos personagens, com novo cenário, com novos desafios.
Tem muita gente que conheço somente pelo contato virtual. Mas sempre que posso, eu prefiro encontrar a pessoa, quero falar ao vivo com ela. Isso para mim, é fundamental. Eu foi justamente isso que me salvou da tristeza, da saudade do Brasil: ter ânsia de conhecer gente!
Que delícia recordar com gratidão a sua jornada aqui na Suiça. Realmente algumas pessoas têm significado expressivo na nossa adaptação de vida, em novos desafios. Desejo que sigas conhecendo mais e mais anjos em sua caminhada e que a saudade seja amenizada com novas conexões reais. ??
Sempre acreditei que nada na nossa vida acontece por acaso, Rafaela. Nem mesmo as pessoas que a gente conhece. Todas tem uma razão por estarem na nossa vida. Eu acredito nisso. E é tão bom conhecer pessoas, né? 🙂
Adorei esse post! Cheguei aqui na Suíça há pouco mais de um ano, e sem essa rede de apoio que você teve. Faz realmente muita diferença, porque os primeiros seis meses foram uma montanha russa. Sempre comemorando pequenas vitórias, mas com muito choro e frustração. Muitas vezes me senti super infeliz. Mas aos poucos a vida se ajusta mesmo, a gente vai se encontrando, encontrando pessoas parecidas com a gente (e um monte que não tem muito a ver, mas que mesmo assim vale a experiência). Fiz também muitos amigos no curso de alemão, alguns amigos brasileiros por serem amigos de amigos de amigos, e assim vamos indo. Cada dia gosto mais da vida aqui. Essas datas, como aniversário, nosso e de quem gostamos, casamentos, etc, são bem difíceis, bate aquele FOMO danado, mas a gente vai vendo que o mundo não acaba, que sobrevivemos. Espero que depois de 8 anos, onde quer que eu esteja, esteja assim como você, bem adaptada!
Eu adorei seu comentário também ? estou aqui há poucos meses e não consigo imaginar como seria sem nenhum suporte ou contatos. Desejo que sua trajetória siga tranquila e repleta de novos amigos. ?
Olá Ana tudo bem!?
Sou a Nani, não tenho um blog , mas tenho acompanhado o seu e tem me ajudado muito!
Estou morando em Basel e chegamos a 1 mês e meio. Quando vier para esses lados me avise e podemos nos encontrar! Muito bom saber que não estamos sozinhos né… uma coisa que acho os jovens não sabem Oq é … necessidade de encontrar pessoas. Hoje eles se bastam pelos seus celulares e redes sociais.
Oi Nani, tudo bem?
Obrigada por acompanhar o blog. Fico feliz de ter lhe ajudado de alguma forma. Eu aviso sim, quando for em Basel. Adoro esta cidade. Adoro conhecer pessoas, também. Abraços para você.