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Mais férias? Não, obrigada!

O título é muito estranho, mas foi isso mesmo que aconteceu aqui. Domingo foi a votação do referendo sobre o aumento de 4 para 6 semanas de férias. E eles preferiram não aumentar.
Minha amiga Laura Doval (que também é colaboradora do Pelo Mundo) sugeriu que eu explicasse o motivo disso. Como alguém pode negar férias? Também conversei pelo twitter com a Mirelle, que mora em Lyon (do blog 13 anos depois) e ela comentou que nunca os brasileiros fariam isso. Concordo com ela.

Aqui as férias são um pouco diferentes do Brasil. São 20 dias úteis que você pode tirar quando quiser. Com isto, não há o valor referente às férias que recebemos no Brasil. Mas a flexibilidade de escolher os dias e quantos tirar é uma maravilha.

Os que defendiam as 6 semanas de férias alegavam que seria bem melhor para a saúde do funcionário. E usou também o fato de que em outros países da Europa as férias são mais longas e que é possível aproveitar mais a vida.

Já os que eram contra, mostraram que esta alteração iria prejudicar muito as pequenas e médias empresas. A Suíça não tem muitas empresas grandes (conta-se aí: ABB, Alstom, Novartis, Roche e Nestlé) e isto foi fundamental para que as férias não fossem aumentadas.

Os suíços são muito cautelosos com tudo e eles morrem de medo de perder a tranquilidade do país. E com a crise na zona do Euro, isto ficou mais evidente ainda. Apesar do franco ter se fortalecido perante a moeda dos vizinhos, o povo daqui não quer que o clima de instabilidade tome conta.

Em novembro do ano passado começou a discussão sobre estabelecer um salário mínimo de 4 mil francos. Na prática, algumas empresas adotam este valor como salário base. Mas oficialmente não existe um limite mínimo. Este salário mínimo já foi aprovado no cantão de Neuchâtel, mas no resto do país ainda não. Este será outro referendo que acontecerá, provavelmente, no segundo semestre. Já foi enviada a solicitação ao Parlamento e o prazo para colher as assinaturas termina dia 27 de julho.

Então, creio que tudo isso foi a razão por não aceitar mais duas semanas de férias. Para eles, melhor garantir o que está certo do que um futuro incerto.

Eu já havia escrito um post sobre o referendo das armas e nele contei como funciona os referendos aqui. O post é : Desarmamento na Suíça

E como aqui referendo é o que não falta, logo terei mais assuntos para colocar no blog.

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12 comentários

  1. Nem tava sabendo que teve essa votacao. Mas nao me surpreendo com mais nada aqui nessa Suica. Entendo o lado deles, e ja to aqui ha mto tempo pra discordar…

  2. Cara, uma gaúcha, não uma brasileira. Bacana, tb sou gaúcho mas moro na Alemanha.
    Se fosse no Braziu tinham votado já 4 semanas de férias, sendo que 6 pra os políticos. Se bem que esses não fazem quase nada e estão quase que constantemente de férias.

    Abraço,

    1. Oi Gabriel, bem vindo ao blog. Mais um gaúcho pelo mundo afora. 🙂
      Pois é…esse papo de aumentar as férias é visto de várias maneiras. No Brasil acredito também que seria aceito o aumento delas. Pena que nossos políticos abusem de seus direitos.
      Abraços,

  3. Oi Aninha!!! Eu concordo com eles…vale mais um passarinho na mão do que dois voando…rsrs…
    Depois da incerteza do euro, é melhor deixar com está…
    Lá na Argentina, as férias funcionam assim também, se quiser, posso tirar inclusive “meio-dia” de férias…estranho…mas…Cada um é cada um…
    Adorei foi o salário mínimo…esse sim podíamos copiar!!!
    Beijo grande, Lu

    1. Pois é Lu…o povo aqui é responsável ao extremo kkkkk
      E eu nao sabia que na Argentina também funciona como aqui. Mas que maravilha!
      Beijão,

  4. a noticia foi dada aqui na França com uma certa surpresa e ironia dos jornalistas. mas eles explicaram bem o que vc falou: que o lado financeiro pesou na hora de votar não.

    eh aquela historia, né? cidadão consciente. no Brasil a gente é muito individualista, so quer saber do que é melhor pra gente e nunca pro pais. Não é à toa que o Brasil é o Brasil e a Suiça é a Suiça…

    ps: França e Alemanha são os paises que mais têm férias: 5 semanas. Os outros tem 4, normalmente.

    otimos post, beijos!

    1. Poisé Mirelle, aos olhos da maioria das pessoas, negar férias é uma coisa sem muito sentido né? 🙂
      Mas admiro os suíços por serem tão centrados em certas decisões. Infelizmente no Brasil temos muito oba oba. E como vc falou, somos muito individualistas.

      PS: achomque vou me mudar para a França ou para Alemanha! 😉

      Beijos,

  5. olha, eu honestamente nao acho q aumentar as ferias prejudica as empresas, afinal quem faz as empresas sao as pessoas! gente de bem com a vida faz toda diferenca! eu aceitaria sim, e nao acho q seria só no Brasil nao! mas enfim, o povo falou, entao ta falado!

    1. Helo, os suíços são muito preocupados com a questão financeira. E o fato deste assunto do salário mínimo ter surgido no fim do ano passado, ajudou a não aumentar as férias. Para eles, a questão do salário mínimo ficaria inviável para algumas pequenas empresas bancarem e isto resultaria em menos contratações. Já o aumento das férias, daria mais custos para a empresa e acarretaria menos oferta de emprego. Por isto, eles preferiram garantir que os empregos ficariam como estão, sem demissões que pudessem comprometer a estabilidade econômica do país.
      E também acho que não só no Brasil seriam aceitar as 6 semanas. Outros países com certeza iriam adorar! 🙂

  6. Um dos motivos pelos quais voltei da Argentina foi a falta de férias. Como eu tinha chefes muuuito bons, tinha 2 semanas de férias no ano, pois o normal nos primeiros CINCO anos na MESMA empresa é uma semaninha só.
    E não, não tem nada de ética ou valorização do trabalho germânica nisso, é pra compensar vagabundagem mesmo. Se vcs imaginassem como é normal faltar o trabalho por qualquer coisa lá…

    1. Nossa Laura…mas que coisa boa, só 2 semanas de férias??? hahaha
      Realmente, fica difícil dar liberdade se as pessoas não conseguem lidar com ela. Daí todo mundo fica no mesmo “saco”.